segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Recontando Histórias: Luiz Humberto Siqueira

LUIZ HUMBERTO SIQUEIRA – “COZER & COSER UM SONHO”

Há muito cosia em minha mente CRIAdora a ideia de criar uma roupa sem a necessidade da costura interferindo na sua estética e estrutura.
E eis que neste curso, COSTURANDO HISTÓRIAS, tive a oportunidade de realizar esta ideia e parti para o ato de fato.
De uma metragem qualquer e uma coragem desmedida, ousei e picotei simetricamente o pedaço de fazenda fazendo dele um projeto, em seguida um croqui e logo mais um “trapo” que dei o nome de vestes du corpo`arte.
Do algodão cru, oriundo dos campos distantes, tesourando e recortando abas que a olho nu se apresentava sem sentido algum, artesanei  entre tons sobre tons a sutilidade dos azuis esverdeados obtendo a textura rústica e pigmentada, extraindo desse malabarismo a roupa que a muito cozinhara em minha mente.    
Dos meus devaneios ao corpo da modelo, muitas águas, digo, modelagens rolaram ou moldaram e por fim, eis que o trapo foi adquirindo forma de roupagem... Farda.
Sob os olhos curiosos e indignados e muitas vezes duvidosos, o trapo foi desmistificado e conquistou elogios e com sua autoestima elevada á quinta potencia ao cubo, saiu da mesa de costura e (in)vestiu-se num corpo de uma bela modelo e juntos conquistaram aplausos e mimimis dos olhares apaixonados pela sua estética e forma.

Da ideia á audácia veio o trapo e deste a vestimenta ou a vestes du corpo arte para desfilar junto a beleza e arte du corpo feminino. E do projeto costurando histórias, veio a possibilidade e oportunidade de realizar o que antes era apenas o croqui de um sonho mal cosido... Bom apetite a todos os olhares...du corpo.


Modelo: Beatriz Albarez de Assunção



sábado, 5 de novembro de 2016

Recontando Histórias: Letícia Rodrigues Borges

LETÍCIA RODRIGUES BORGES – “COSTURAS E VESTIR OS RESTOS DO CORPO”

Eu flutuava e sentia as penas caindo, comecei a tirar as penas, as asas, o sangue, as asas, a carne, foi tudo se desfazendo sobre o chão. Aquilo não doía, mas libertava, eu ficava cada vez mais forte.
Fui retirando a pele, a carne, o sangue, os olhos, os ossos, meu coração, as veias, tudo pesava mas eu retirei e deixei escorrendo. Eu estava livre de mim, daquele corpo que pesava e oprimia e contemplei tudo no chão. Naturalmente o meu corpo se materializou e os cacos no chão me revestiram e eles eram uma espécie de armadura feita sob medida, que deixou o meu corpo fácil, mais vivo e confortável.
O que eu vestia não era uma mera roupa, mas meu próprio corpo. Então eu vou, sentindo que meu coração não era mais um órgão interno, agora ele era externo, exposto para todos verem como era uma fratura exposta que expõe o osso. Não é uma ferida, sim uma forma de ser mais viva. E meu coração estava protegido e forte, apesar de estar tão exposto.

E agora eu vivia mais intensamente que tudo e flutuei livre, empoderada vestindo o que sou e costurei isso no meu corpo.