LIS FURLANETTI BRANDÃO –
“SURYA”
Eu comecei o meu projeto com uma paleta de
cores. Eu enquanto desenhista “sinto” as cores, cada uma delas me passam uma
sensação diferente e eu consigo definir uma “aura” para as coisas. Usei então
disso para escolher cores que representassem a minha personalidade, que são os
verdes e laranjas; cores fortes que passam certa sensação de segurança e até de
“velocidade”, “esperteza” ou “agilidade”. Pronto. As cores estavam escolhidas.
Eu já conseguia “sentir” como ficaria o projeto.
Eu havia feito vários rabiscos de peças de
roupas que eu gostava, mas demorou um pouco para minha imaginação fluir e eu
conseguir criar algo novo, que me representasse. Para isso eu me lembrei do
livro que eu estou escrevendo, de uma das suas protagonistas e da grande
influência da fantasia em relação ao fantástico e mágico. A protagonista em
questão é uma menina que se transforma em leão, então ela possui algumas
características leoninas, como o nariz felino, bigodes, orelhas e pés de leão,
fora a juba dourada. Como ela foi uma grande influência para o projeto, eu
decidi chamá-lo com o nome dela, batizando-o de Surya.
Eu imaginei o colete de couro verde e o
saiote, como eu os vestiria. Um pano que se adaptasse ao meu corpo para o
colete e algo leve para o saiote. Mas ainda faltavam os laranjas. O saiote
(agora uma saia) seria então, não apenas laranja, mas “estampado de fogo”,
remetendo a minha personalidade impetuosa e forte.
Apenas uma camisa verde não passaria nenhuma
mensagem, logo não teria motivo para estar ali, então comecei a trabalhar com a
camisa: alguma coisa que eu pudesse fazer para passar alguma mensagem com
aquilo? Tem mais alguma coisa que eu
faça que eu possa inserir aqui? Tinha. Eu sou feminista e decidi expor minha
luta ali. Um dos grandes símbolos das passeatas pela mulher são as militantes
sem camisa ou sutiã, me inspirando a passar a tesoura em um dos ombros e
deixasse um seio a mostra. Mas, como sou menor de idade e não posso me expor
(infelizmente), por isso passei um top tomara-que-caia bege, para representar o
seio a mostra sem ele estar realmente a mostra. O trabalho no tronco estava
pronto? O tórax e um dos ombros estavam muito vazios e eu adoro cachecóis. Não
foi preciso nem pensar para um cachecol flamejante aparecer para cobrir o ombro
e o seio expostos. O cachecol flamejante foi uma contribuição do meu amigo João
Guirau, meu companheiro de aventuras, ou, como diz a minha orientadora, o meu
toddynho. João irá me dar várias outras ideias durante o projeto. Agora o tronco
estava pronto. Durante a etapa de
costura um bracelete vai entrar na Surya, mas depois.
Faltavam as pernas e as mãos. Nestas eu
coloquei luvas sem dedos, marrons, para aumentar o tamanho das mãos sem perder
a praticidade. Já nas pernas, a ideia inicial eram um par de polainas compridas
e pantufas de pata de leão, mas isso não
foi possível, por isso fiz as polainas de pelúcia e deixei meus pés
descalços, o que acabou por dar um ar
selvagem bem legal a Surya.
Na cabeça eu fiz uma maquiagem de leão e prendi
meu cabelo para cima, como uma juba. Mas Surya precisava de alguma coisa ali,
para ressaltar sua vaidade, por isso coloquei uma flor vermelha em seu cabelo.
A flor seria de cetim vermelho, mas achamos uma de seda laranja, e quando a
pintamos, ficou meio flamejante, combinando com a saia e o cachecol.
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